Hoje, vi algumas coisas que não são típicas a mim. Era necessário fazer uma coisa que não faz parte de meu cotidiano: ir à Avenida Paulista, perto da estação Trianon-Masp do Metrô de São Paulo (a Rua Augusta fica próxima à estação Consolação). Como você pôde notar na frase anterior, há uma linha de metrô cortando um dos mais badalados points paulistanos, mas, sem me importar muito com isso, não hesitei em utilizar uma linha de ônibus que bem conheço para chegar até lá: 107T/10 (Cidade Universitária – ↕ Tucuruvi). Impressiono-me com como tanto utilizo essa linha para vários fins… Ela não trafega pela Avenida Paulista, mas bastou cruzá-la — na Rua Augusta — para chamar minha atenção, que é facilmente iludida por um ônibus. Para falar a verdade, eu não havia “estudado” a região: eu não havia visto o ponto de ônibus onde eu iria descer, eu não chequei o Google Street View, o qual sempre vejo antes de andar a ônibus em locais desconhecidos ou incomuns. Eu apenas seguiria o fluxo de pessoas, imaginando que grande quantidade descesse no cruzamento já mencionado.
Vou pular a parte onde vou ao local citado. Sendo sucinto: peguei o 2 2472, um Caio Millennium II PBC (piso baixo central), montado sobre chassi O-500M. Ele, apesar de demorar trinta minutos, pouco acima do previsto, estava com alguns lugares disponíveis, para me acomodar. Após cinquenta minutos, cheguei tranquilamente ao destino.
A história mais atípica ocorreu na volta… Eram, aproximadamente, 16h00, quando estava pronto para voltar a minha casa, num ponto no cruzamento da Rua Augusta com a Avenida Paulista. Sinceramente, eu esperava uma viagem tranquila, mas isso foi rapidamente oculto. Com quase dez minutos de espera, atendeu-me um PBC de prefixo 2 2707, na linha 107T.
Uma coisa muito interessante ocorreu, pelo menos a meu ver. Enquanto estávamos parados no demorado farol do cruzamento, pouco depois de deixar o ponto, todas as pessoas aguardavam antes da catraca. O primeiro da fila (primeiro a entrar) não passava e estava parado como se nada estivesse acontecendo — cerca de dez pessoas querendo passar, sem entender o porquê de estar travado. Após um grupo de curiosos perguntar, uma informação que, provavelmente, já era sabida pelo primeiro integrante da fila foi divulgada a todos que desejavam passar: não era possível no momento. O motivo, felizmente, não era nenhuma falha no validador. O que impedia a passagem das pessoas era uma torre presente na Avenida Paulista. O cobrador disse que ela alterava o comportamento do validador diante de um bilhete único… mas também confirmou que tudo voltaria ao normal após cruzar a avenida mais importante da cidade. Não sei, ao certo, que interferência e que tipo de relação negativa ocorria entre o validador e a falada torre, que desconheço (não sou mor nisto). Como eu já disse, foi interessante para mim, porque vi pela primeira vez. No entanto, se ocorre sempre, os cobradores de todas as linhas que passam por ali devem estar acostumados com isso — e os novatos ou indevidamente escalados em linhas que não conhecem devem tratar o fato com espanto.
Enquanto eu estava em pé no meio do ônibus, outra coisa interessante resolveu atacar. Dois pontos depois da Avenida Paulista, um deficiente físico embarcou no ônibus. O cobrador, muito legal, o ajudou, mesmo aos dizeres do cadeirante: “Pode ser no próximo, se o senhor quiser”. Não sei o porquê de ele dizer isso, mas que deva ser algo relacionado ao fato de o motorista ter tardiamente avisado que havia um querendo subir. Acomodou-se no local reservado, após subir a rampa, presente em todos os ônibus de piso baixo, depois de passar pelas pessoas, que foram obrigadas a ceder um espaço que estava se tornando escasso. Também foi avisado que o moço desceria apenas em Santana (creio que os cadeirantes sempre avisam antecipadamente onde vão descer, com a ajuda do cobrador).
A cada dia que passa, vejo como realmente é a vida de alguém que precisa pegar ônibus todos os dias no horário de pico da manhã e da tarde, ao invés de apenas ler, ver e imaginar sobre. Lugares? Certamente não seriam cedidos com o tempo. Minha única alternativa era ficar em pé até meu destino. E fiquei. Fiquei uma hora e quinze minutos em pé, com sono (poucas horas dormidas), das 16h10 às 17h25, segundo o validador da catraca e imagino que existam situações piores do que essa, a qual já beira o caos. De tão lotado que estava, o ônibus era estranhamente conduzido. O motorista trocava de marcha de um modo mais “devagar” e colocava, às vezes, um giro alto. O PBC não parava de apitar e balançar. Não costumo ver isso em ônibus vazios, ora, mas é claro que não achei perigoso — porque não é —, foi até divertido, apesar de cansativo…
O ápice do horário de pico ainda nem havia sido atingido (considerando 16h00 como horário de partida), e as coisas já andavam desse modo! Outro problema que me assombrava era o trânsito, existente em todas as ruas do itinerário possíveis. Todas mesmo, embora ainda não fosse o pior horário. Se não houvesse trânsito, eu provavelmente chegaria pelas 17h00.
Pessoas não paravam de subir e entrar, subir e entrar… subir e entrar! Assim foi a viagem, que creio ser estressante aos motoristas da linha. Rua Augusta, Rua da Consolação, Praça Ramos de Azevedo, Largo do Paissandu, Praça Pedro Lessa/Praça do Correio, Avenida Prestes Maia, Avenida Tiradentes, Avenida Cruzeiro do Sul e finalmente a tranquilidade foi, inutilmente, alcançada. De que adianta ter um ônibus vazio se o meu objetivo era descer dois pontos depois? Agora Inês já era morta. Sem nenhum imprevisto, aqui termina minha cansativa aventura de hoje.
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